Casas conectadas têm falhas de segurança, diz pesquisa; saiba se proteger

Versões conectadas à internet de câmeras de vigilância, lâmpadas, eletrodomésticos e outros objetos são mais vulneráveis a ataques de hackers do que se imaginava e podem causar grandes dores de cabeça aos donos de aparelhos do incipiente setor de “internet das coisas”, segundo estudos e especialistas.

Cerca de 70% dos aparelhos do tipo têm brechas que permitiriam a ação de um criminoso, segundo um relatório de uma divisão de cibersegurança da HP que foi divulgado em julho e que analisou os dez dispositivos do tipo mais populares nos EUA.

“No curto e no médio prazos, esse tipo de aparelho se tornará ainda menos seguro”, diz Daniel Miessler, especialista em segurança da informação que foi um dos responsáveis pelo estudo da HP. “No longo prazo, com mais pessoas usando e levando em consideração a segurança, a tendência é de melhora.”

Com o estudo, diz Miessler, “ficou claro que existem vulnerabilidades capazes de comprometer sistemas caseiros e também corporativos”. Ele afirma que a principal precaução que pode tomar o consumidor no momento é manter atualizado o software dos produtos que tem.

Foi encontrado um total de 250 itens problemáticos (média de 25 por objeto), como falta de criptografia de dados, autenticação com senhas fracas, registro de informações pessoais do usuário e atualizações automáticas inseguras.

Segundo Ilya Lopes, especialista de pesquisa da empresa de segurança ESET no Brasil, quanto mais novo um segmento tecnológico, maior sua potencial vulnerabilidade. Por isso, é melhor evitar inserir dados pessoais em aparelhos recentes.

“Se você tem um PC, um celular, por que faria um pagamento usando a TV, ou a geladeira?”, questiona.  Em um caso relatado pela BBC  nesta segunda (15), um pesquisador conseguiu fazer uma impressora conectada rodar o game “Doom”, em um exercício para provar que a mescla entre a capacidade computacional e a fragilidade desses aparelhos permite a instalação de qualquer tipo de programa –entre eles os maliciosos malware.

Miessler e Lopes dizem que é possível que um hacker acesse dados de um computador ou outro dispositivo ligado à rede por meio de uma brecha no software de, por exemplo, um termostato inteligente –e isso também vale para sistemas de empresas ou de governos que usam os aparelhos.

Por enquanto, não há software que funcione como um firewall ou um antivírus contra tais ameaças –o usuário está à mercê das fabricantes dos dispositivos.

Crescimento

A TV esperta é uma realidade para muitos, e a geladeira e a lâmpada conectadas já são corriqueiras para alguns, e isso tende a aumentar: segundo a empresa de consultoria Gartner, aparelhos de “internet das coisas” serão 26 bilhões em 2020, ante 0,9 bilhão de dispositivos do tipo que existiam em 2009.

Apple, Google e Samsung recentemente fizeram aquisições de empresas do segmento (sendo a maior delas a Nest, comprada pelo Google por US$ 3,2 bilhões) e anunciaram iniciativas para integrar seus aparelhos a casas inteligentes.

A Apple anunciou o software HomeKit, que permitirá que os novos iPhones, que chegam nesta semana às lojas nos EUA, controlem objetos da “internet das coisas”.  Consultada, a assessoria de imprensa da empresa no Brasil afirmou que a novidade terá tecnologia de comunicação “simples, com emparelhamento seguro de forma individual ou em grupos” e que se preocupa em não coletar dados dos usuários.

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Fonte: Folha de S. Paulo